O PESCADOR DE HISTÓRIAS
A história corre por um rio subterrâneo. Aflora, submerge, revira e volta à superfície.
Há um lugar na face da terra onde nunca ninguém esteve?
Em meados da década de 70, o INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária criava agrovilas na Amazônia para assentamento de colonos. Em Cacoal, a 500 km ao sul de Porto Velho, o capitão Sílvio Gonçalves Faria, oriundo do Serviço Geográfico do Exército, levou-me para visitar uma gleba onde recém chegara uma família de agricultores do Paraná. Abriram uma clareira e abrigavam-se sob uma lona amarrada nas árvores.
Qual a sensação de ser o primeiro a chegar numa floresta virgem e recomeçar a vida?
O agricultor pediu-me que o seguisse. Caminhamos cerca de um quilômetro e ele apontou um pé de limão esquálido e comprido que crescera em meio às árvores para disputar luz no topo da mata. A seu lado, restos de ferro de uma velha máquina de costura Singer.
Outros haviam estado ali. Seringueiros, coletores de castanha, caçadores, quem sabe?
Anos depois, em Yellowknife, capital dos Territórios do Noroeste, no Ártico canadense, fiz a mesma pergunta a um pesquisador da Petro-Canada, que iniciara prospecção em ilhas remotas da região. Recém-chegado, percebeu ao longe uma protuberância que se destacava na planura gelada. Caminhou para lá e descobriu os restos de uma carroça de madeira e a carcaça de um cavalo.
Ele não havia sido o pioneiro. Caçadores-coletores de peles, pescadores, garimpeiros, ali estiveram. Surpreendidos por uma nevasca, decidiram salvar a própria pele e deixar tudo para trás? Quem sabe?
Prado Revira-e-Volta pesca notícias no rio subterrâneo da história e as traz à tona com seus atuais protagonistas.
Fenemê: Ontem e hoje
De Caxias para Caxias
Sem rumo e sem mapa
A atividade do youtuber Júnior Seno assumiu proporções inesperadas a partir de suas viagens pelo interior do estado de São Paulo.
Num final de tarde, em posto de gasolina na rodovia Raposo Tavares, próximo de Assis, a 70 km de Ourinhos, onde reside, Juno avistou o “bruto” azul, como os aficionados referem-se aos antigos caminhões FNM, os fenemês.